terça-feira, 31 de agosto de 2021

Regurgitando nós sensíveis

Nó no estômago. 
Já sentiu?
Daqueles que te dão vontade
De enfiar a mão na goela pra desfazer.
 
Mas geralmente é um nó cego
Porque a gente não vê, só sente.
 
Um movimento involuntário
Que faz um giro estancado
Nas nossas entranhas
Como um bailarino que torce o pé
No meio da pirueta e cai.
 
Você sente o aperto em cada célula
Até ser capaz de regurgitar.
 
Só que, antes de sair
Eu crio outro nó na língua
E engulo tudo de novo
Pra não ter que assumir.
 
Uma coleção de nós aprisionados
Que uma hora não aguentam
E escapam sem a minha permissão.
 
Eles saem nas lágrimas, no suor
Se embolam nos meus cabelos,
Nos meus pelos
Nas unhas que eu tenho preguiça de cortar.
 
E viram raízes
Nas quais eu me emaranho
Como forma de reviver o sentimento
Intacto, puro e meu.
Só meu.

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