terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Pancada Forte

Perdido no mar do tempo
Um grito ecoa sem retorno
Afogado entre as ondas
Do hoje e do ontem

Estou dormindo?
Você toca uma canção de ninar difusa
Que me arranha os ouvidos
Mas meus olhos não se fecham
E você se dissipa
Continuo te chamando
Em vão

Me embrenho na neblina densa
E danço com o frio
Sinto dor e um desespero
Que não são meus
Sinal de que estou perto
Mas atrasado

A onda quebrada
Não banha a praia mais de uma vez

Ao som de um eco mudo e pertinaz
Que me aponta para um ontem irremediável
Vasculho os destroços
O breu molhado em sal engoliu sua voz
Foi-se tudo

No canto de meus olhos
Derramam-se as ondas do amanhã

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