domingo, 27 de junho de 2021

No meu peito lágrimas, pedras

Há uma pedra em meu peito.

A cada batida sinto ela esmagar um pouquinho mais meu coração. E a cada lágrima contida, mais espaço ela ganha. Comprime meus pulmões e quase falta espaço para o ar. Qualquer dia meu tórax vai se romper restando apenas a pedra exposta, dando vazão às lágrimas represadas. Não tenho vergonha das minhas lágrimas, apenas me acostumei a liberá-las em segredo e ainda hoje as preservo como algo proibido ao mundo. Quando elas vêm, como uma onda gigante e incontrolável, me tomam como seu e a elas pertenço, sou elas. E às vezes, eu só não queria mais ser apenas isso, as lágrimas.

Confino-me então num paradoxo, e assim, me escondo com medo de afogar mais alguém. Me torno a água que escapa pelos dedos, quero descer pelo ralo inundado em meu desalento sem ser notado. Ou pelo menos assim me convenço. Na verdade, grito em silêncio para que não me deixem descer. Por favor, não me deixem afogar em mim mesmo porque se eu for, posso acabar não tendo forças pra emergir. Essa pedra no meu peito, como uma âncora, me permite nadar no profundo da minha alma e perceber todos os tons de azul que carrego. Mas chegada a hora de subir, quanto mais demoro, mais difícil fica para voltar. Se eu parar de oferecer resistência posso acabar ficando de vez.

Será que eu quero?


... Não.

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