Texto escrito como exercício cênico para a diplomação. A provocação era criar um manifesto que envolvesse angústias e atravessamentos do contexto atual.
Solidão.
Do ventre ao túmulo, nos pertence.
Sem querer demais. Sem renegar por completo.
Do ventre ao túmulo, nos pertence.
Sem querer demais. Sem renegar por completo.
Vazio.
Inércia.
Silêncio.
O silêncio não se faz. Não se cria. Não existe.
Mas transborda. Pesa. Ensurdece.
Mas transborda. Pesa. Ensurdece.
E ao colidir com a solidão, cria espaço.
Buscamos na tecnologia preenchê-lo. Uma compensação pela brusca
interrupção da presença física. Sem sucesso. Antes um alívio, a rápida
comunicação agora parece não ser capaz de suprir a falta.
E talvez nunca tenha sido.
Sou eu quem a enxerga assim, por ser essa minha única fonte?
Conversas que não conversam.
Palavras que não dizem.
Sentimentos que se perdem nas transmissões, fragmentados em ondas
microscópicas.
Aceito esse afeto. Me acostumo a ele.
O caos enclausurado, no entanto, traz à tona sua cruel natureza.
Mas como posso esperar que sintam minha ausência se fui eu quem
expulsou o mundo?
Acomodei-me à solidão melancólica por acreditar estar nela minha
identidade. E buscar algo diferente seria tentar conformar-me a dimensões de
outrem.
Mas será?
Estará você buscando sair da matriz ou constantemente perseguindo o papel
que lhe foi designado?
Queime as cercas invisíveis.
Qual o risco? Viver?
Que perigo se expor. Mas você o fez.
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