Eu te escrevi milhões de
poemas,
Mas acho que você nunca os
leu.
Apenas os deixou mofando
naquela gaveta escura.
Como fazia comigo.
Como fazia com aquelas pobres flores secas.
Mortas,
Esquecidas por entre as páginas de teu caderno.
Pra depois serem simplesmente jogadas fora.
Sabiam demais.
Mas de volta aos poemas,
Que já devem estar com as páginas
amarelas,
Talvez a culpa seja minha.
Como um tolo, os condenei
Por achar que ainda tínhamos
chance.
Que alguma das minhas palavras pudesse te tocar.
Mas não importa mais.
São seus agora.
Por mais que você se recuse a ouvir
Eles estarão lá, naquela gaveta escura
Sussurrando teu nome
Assombrando-te à noite.
Torço para que invadam teus sonhos
E aí, então, te façam me ouvir.