Um grito ecoa sem retorno
Afogado entre as ondas
Do hoje e do ontem
Estou dormindo?
Você toca uma canção de ninar difusa
Que me arranha os ouvidos
Mas meus olhos não se fecham
E você se dissipa
Continuo te chamando
Em vão
Me embrenho na neblina densa
E danço com o frio
Sinto dor e um desespero
Que não são meus
Sinal de que estou perto
Mas atrasado
A onda quebrada
Não banha a praia mais de uma vez
Ao som de um eco mudo e pertinaz
Que me aponta para um ontem irremediável
Vasculho os destroços
O breu molhado em sal engoliu sua voz
Foi-se tudo
No canto de meus olhos
Derramam-se as ondas do amanhã